quarta-feira, 27 de maio de 2009

COMPREENSÃO DA BÍBLIA:

No conceito da Escritura de Lutero há a idéia de que a bíblia pode ser entendida por si mesma, agindo cada pessoa como seu próprio interprete. As interpretações da tradução ou do clero não são necessárias para a correta compreensão da Bíblia. A palavra possui em si a clareza externa que ela transmite e administra através do ministério. É por esta razão também que a escritura, sem o acréscimo dos mandamentos humanos e opiniões doutrinarias, é o único fundamento da fé.
A clareza externa deve ser distinguida da assim chamada clareza interna, que é o cerne da compreensão do conteúdo da escritura. Esta que chega a existir apenas por meio do Espírito Santo, que ilumina e instrui o homem internamente. Lutero também ressaltava o significado da experiência para correta compreensão da palavra de Deus.
“Se eu sei o que creio, conheço o conteúdo da Escritura, pois elas não contem outra coisa a não ser Cristo. As Escrituras são o critério da verdade apostólica. Lutero fazia diferença quantos os livros da bíblia, aqueles que falavam diretamente de Cristo como os Evangelhos e as epistola paulinas e 1 Pedro. Ele fazia afirmações que se Pilatos e se Judas tivessem transmitido a mensagem de Cristo teriam sido apostólico, e se Paulo e João, não tivesse proclamado essa mensagem não poderiam ser considerados apóstolos. Afirmava que qualquer outra pessoa que hoje em dia tivesse o Espírito do tão poderoso como os profetas e apóstolos poderia criar o decálogo .Bebemos na fonte das escrituras só porque não temos a plenitude do Espírito


COMPREENSÃO DE HOMEM:

O conceito teológico de homem de Lutero corresponde a sua doutrina da justificação, mais contrasta flagrantemente com o conceito medieval do homem. Que diz que a concepção de todo homem (totus homo), caracteriza Lutero. Ao invés do dualismo escolástico entre corpo e alma, poderes superiores e inferiores. Lutero introduziu o conceito de totalidade no contexto teológico. O que a concepção de totus homo significa, portanto é que o homem é considerado do ponto de vista teológico em sua relação com Deus. E desta maneira ele é concebido como completamente determinado por esta relação e não como composto de várias faculdades e poderes espirituais. A imagem de Deus no homem, ou a justiça original não consiste dos talentos e da razão do homem, nem de qualquer outra coisa que agora o caracteriza como homem.

PECADO E SALVAÇÃO:

“Falta de fé é o verdadeiro pecado”
Para Lutero a salvação vem pela fé e a única maneira do homem ser perdoado é através da fé . Lutero acreditava que a Fé aproxima o homem de Deus e quando o homem não há tem, conseqüentemente está afastado de Deus, então ele esta em pecado.”Nada o justifica a não ser a fé :nada é tão pecaminoso a não ser a falta de fé. A palavra pecado inclui tudo o que fizermos se vivermos fora dessa fé.”
Segundo Tillich Lutero considerava á vida corrompida em sua totalidade, incluindo sua natureza e substância, Tillich vai utilizar o termo “depravação total”, depravado significa estar em conflito consigo mesmo, para melhor explicar o pensamento de Lutero. Não há nenhuma parte do ser humano isento dessa deformação existencial. Tudo se inclui nessa deformação e essa era a idéia de Lutero, afirma Tillich . Mesmo a afirmação de que somos pecadores pressupõe em nós algo além do pecado. O que podemos dizer que não há ser humano que não seja tocado por auto-contradição. O mal para Lutero era a falta de amor a Deus, mas o que vai preceder esse amor é a fé que nos uni a Deus. Lutero conhecia o poder estrutural do mal no individuo e nos grupos, o que Tillich chama de compulsão. Lutero sabia que o pecado era isso, que era um poder demoníaco de satã, acima das decisões individuais. O pecado deveria ser entendido em termos de estrutura demoníaca, com seu poder compulsório sobre as pessoas capaz de ser vencido pela estrutura da graça. Fé para Lutero é receber Deus quando ele se der a nós.

LUTERO E DEUS :

“Deus descobriu o modo de estar presente completamente em todas as criaturas, e em cada uma especialmente, com mais profundidade, mais internamente do que a própria criatura se acha presente a si mesma. Mas não está localizado em nenhum e não pode ser compreendido por ninguém de tal maneira que tudo abrange e está no âmago de todas as coisas. Deus está ao mesmo tempo totalmente em cada grão de areia e, não obstante, em todos eles, acima deles e fora de todas as criaturas.”
Segundo Dreher depois da doutrina da justificação, Lutero descobre que Deus é Deus em um Debate de Heidelberg em 1518, Lutero trabalhou com a Teologia da Gloria a Teologia da cruz. Nela Lutero procura perceber Deus através das obras da natureza. Assim procedendo, porem não reconhece o ser divino que se volta para natureza. O ser visível de Deus, voltando para a natureza, é o oposto de invisível: é a humanidade de Deus, sua fraqueza, sua loucura na cruz de Cristo. A cruz de Cristo, porem, não se pode deduzir das obras da natureza . Ela é o lugar onde Deus quer ser encontrado. A cruz é o que Deus revelou a seu respeito aos ser humano.
Tillich vai afirmar que dessa forma resolve-se o problema entre as tendências teísta e panteísta .
Lutero se refere as criaturas como “mascaras” de Deus; Deus se esconde por detrás das criaturas. Lutero negava a finidade em Deus ou de que Deus fosse um ser entre outros.
COMPREENSÃO DE CRISTO:

Na cristologia de Lutero se diferencia do método da igreja antiga, segundo tillich o que chamaria de verdadeiro método de correlação: correlaciona o que Cristo é para nós com o que dizemos sobre ele. Parte dos efeitos de Cristo em nós. Melanchton expressou a mesma idéia em seus loci, que o objeto da cristologia são os benefícios de Cristo e não sua pessoa e natureza em si. Lutero já expressava dessa forma: assim como nós somos em nós mesmo, assim é Deus em si, enquanto objeto. Se somos justos, Deus é justo. Se somos Purus, Deus é puro para nós.se somos maus, Deus é mau para nós.portanto Deus aparecerá aos condenados como o mal na eternidade, mas au justos como justo, segundo o que é em si mesmo. Segundo Lutero, chamar Cristo de Deus significa ter experimentado os efeitos divinos dele, especialmente o perdão dos pecados.

COMPREENSÃO DO ESPIRITO SANTO:

Lutero ressalta que para o homem ter a clareza externa da palavra deve ser distinguida da assim chamada clareza interna, que é o cerne da compreensão do conteúdo da escritura. Esta chega a existir apenas por meio do Espírito Santo, que ilumina e instrui o homem internamente. Conforme as palavras de Lutero, “creio que por minha própria razão ou força não posso crer em Jesus Cristo, meu Senhor, nem vir a ele, mas o Espírito santo me chamou pelo evangelho. A própria Igreja é criação de Deus, pois quando o evangelho é comunicado ou os sacramentos usados, Deus faz coisas milagrosas. Pelo poder do Espírito Santo, ele opera através desses instrumentos, fazendo santos dentre os pecadores ao criar e manter neles a fé em Jesus Cristo.
COMPREENSÃO DE IGREJA, ESTADO E POLITICA:

Para Lutero a igreja era lugar de comunhão dos crentes, que é definida no terceiro artigo do credo apostólico como a comunhão dos santos. A igreja consiste da comunhão dos santos , mas é formada pela palavra e pelos sacramentos. É através destes meios que o Espírito Santo opera e reúne os cristãos no mundo todo. Quanto ao papado, Lutero não acreditava que ele podia se justaposto à igreja. Mas reconhecia que o evangelho também se fazia presente na igreja de Roma, apesar do abuso e da negligencia do oficio da pregação, de modo que também nela podia ser encontrado verdadeiros cristão.
O conceito de autoridade de Lutero baseava-se Rm 13:1, todo homem esteja sujeito as autoridades superiores, porque não há autoridade que não proceda de Deus. Em vista disso, o cristão é obrigado a obedecer mesmo aqueles governantes que não compartilha a sua fé. A única exceção se encontra nas palavras: antes importa obedecer a Deus do que os homens. Se as autoridades ordenam o que é contrario aos mandamentos de Deus ou exigem repudio da fé cristã, o cristão de recusar obediência, e sofrer a punição que lhe é imposta por causa da sua fé. Mas Lutero não aprova levantes armados contra o estado.

O conceito de sociedade de Lutero também pode ser percebido à luz da posição que tomou face aos entusiastas. De acordo com estes, a atividade política é má, e os cristão não devem envolver-se nela. Pelo contrario, são convocados a manifestar sua oposição à sociedade terrena. Isso resultou na guerra dos camponeses de 1525 vários entusiastas inclusive Tomás Munzer, assumiram a liderança. Lutero por sua vez , que já anteriormente se tinha desligado deste grupo e combatido seu iconoclasmo, atacou com violência os camponeses e afinal admoestou os príncipes a usarem força armada para debelar a rebelião.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
DREHER, Martin. A crise e a renovação da igreja no período da reforma. 4ed. São Leopoldo: Sinodal. 2006. Coleção História da Igreja, Vol 3.GONZALEZ, Justo. Uma história do pensamento cristão: da Reforma Protestante ao século XX. São Paulo: Cultura Cristã. 2004.
TILLICH, Paul. História do pensamento cristão. São Paulo: Aste